quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Aspectos históricos da Alemanha - Parte 2


Liga Alemã

Restauração e revolução
Após a queda de Napoleão, os monarcas e estadistas europeus reuniram-se em Viena em 1814, com vistas a reorganizar a Europa, sob a liderança do príncipe austríaco Metternich. Dentre os princípios políticos pactuados no Congresso de Viena, incluem-se a restauração, legitimidade e solidariedade dos governantes em prol da repressão a idéias revolucionárias e nacionalistas.
No território do antigo Sacro Império Romano, formou-se a Liga Alemã (Deutscher Bund), uma união fraca de 39 estados (35 príncipes reinantes e 4 cidades livres), sob a liderança da Áustria, com uma Dieta Federal (Bundestag) sediada em Frankfurt am Main.
Em 1819, o estudante Karl Ludwig Sand assassinou o escritor August von Kotzebue, que havia escarnecido as organizações liberais de estudantes (que promoviam ideais patrióticos de uma Alemanha unida). O Príncipe Metternich usou este caso como pretexto para convocar uma conferência de Prússia, Áustria e outros oito estados em Karlsbad, que promulgaram os "decretos de Karlsbad": adotou-se a censura e as universidades foram postas sob supervisão. Perseguiram-se "demagogos", isto é, indivíduos acusados de divulgar idéias nacionalistas ou revolucionárias.
Em 1834, estabeleceu-se a Zollverein, uma união aduaneira entre a Prússia e a maior parte dos demais estados alemães, com a exclusão da Áustria.
O crescente descontentamento com a ordem política e social imposta pelo Congresso de Viena levou à eclosão, em 1848, da Revolução de Março nos estados alemães. Em maio, foi criada a Assembléia Nacional Alemã (ou Parlamento de Frankfurt), com o objetivo de preparar uma constituição nacional alemã.
Mas a Revolução de 1848 terminou por fracassar: o Rei Frederico Guilherme IV da Prússia recusou a coroa imperial, o Parlamento de Frankfurt foi dissolvido, os príncipes reinantes reprimiram os levantes pela força e a Liga Alemã foi restabelecida em 1850.
Em 1862, o Príncipe Bismarck foi indicado como primeiro-ministro da Prússia — apesar da objeção dos liberais e dos socialistas, que o consideravam um reacionário.
Em 1864, intensificou-se a controvérsia entre a Prússia e a Dinamarca acerca do Schleswig, que — diferentemente do Holstein — não integrava a Liga Alemã e que nacionalistas dinamarqueses desejavam incorporar ao Reino da Dinamarca. A disputa levou à Segunda Guerra do Schleswig, durante a qual os prussianos, com a Áustria, derrotaram os dinamarqueses. A Dinamarca viu-se compelida a ceder os Ducados do Schleswig e do Holstein à Áustria e à Prússia. Mais tarde, a administração de ambos os ducados provocou tensões entre estes dois países que foram a causa imediata da Guerra Austro-Prussiana (1866). Os prussianos venceram-na, com o sucesso decisivo na Batalha de Königgrätz, sob o comando de Helmuth von Moltke.

Confederação da Alemanha do Norte
Ver artigo principal: Confederação da Alemanha do Norte
Em 1867, dissolveu-se a Liga Alemã. Em seu lugar, surgiu a Confederação da Alemanha do Norte (Norddeutscher Bund, em alemão), sob a liderança da Prússia. A Áustria foi excluída, e permaneceria fora dos assuntos alemães ao longo do restante do século XIX e no século XX.
A Confederação existiu até 1871, quando da fundação do Império Alemão. Por meio dela, a Prússia logrou controlar os 22 estados da Alemanha setentrional, mantendo a Alemanha meridional em sua zona de influência por meio da Zollverein.

Império Alemão

Era de Bismarck
A controvérsia entre a França e a Prússia acerca da sucessão do trono espanhol por um candidato alemão — a quem se opunha a França — provocou a Guerra Franco-Prussiana (1870-1871). Em seguida à declaração de guerra francesa, tropas prussianas e sul-alemãs, sob o comando de Moltke, invadiram a França em 1870. O exército francês terminou por capitular na Batalha de Sedan. O Imperador Napoleão III foi feito prisioneiro e o Segundo Império francês desmoronou. Após a rendição de Paris, foi celebrada a Paz de Frankfurt am Main: a França obrigava-se a ceder à Alemanha a Alsácia e a parte germanófona da Lorena. As concessões territoriais feriram o orgulho nacional francês profundamente e formariam um obstáculo à concórdia franco-alemã.
Em 18 de janeiro de 1871, na Grande Galeria (Galerie des Glaces) do Palácio de Versalhes, o Rei Guilherme I da Prússia foi proclamado Imperador da Alemanha (Kaiser). Estava pois fundado o Império Alemão, com 25 estados, três dos quais cidades hanseáticas. Era uma solução "pequeno-alemã", já que a Áustria havia ficado de fora.
As políticas domésticas de Bismarck, na qualidade de Chanceler da Alemanha, caracterizaram-se por sua luta contra os supostos inimigos do estado protestante da Prússia. Na chamada Kulturkampf ("luta cultural", 1872-1878), buscou ele limitar a influência da Igreja Católica e de seu braço político, o Partido do Centro Católico, por meio de diversas medidas — como a instituição do casamento civil —, mas sem grande sucesso. Os grupos não-alemães da população do Império Alemão, tais como as minorias polonesas, dinamarquesas e francesas, sofriam discriminação e foram objeto de uma política de germanização.
A outra suposta ameaça era a ascensão do Partido dos Trabalhadores Socialistas (mais tarde, Partido Social-Democrata da Alemanha), cujo propósito declarado era estabelecer uma nova ordem socialista através da transformação das estruturas políticas e sociais existentes. A partir de 1878, Bismarck procurou reprimir o movimento social democrata, proibindo sua organização, assembléias e a maioria de seus periódicos. Por outro lado, ao instituir um sistema de previdência social, esperava ele ganhar o apoio das classes trabalhadoras do Império.
A prioridade de Bismarck era proteger o poder alemão em expansão, por meio de um sistema de alianças e ao procurar conter crises até que a Alemanha estivesse preparada para provocá-las. Nesse sentido, era de particular importância conter e isolar a França, pois Bismarck temia que esta formasse uma aliança com a Rússia e se vingasse de sua perda da Alsácia e da Lorena.
Em 1879, Bismarck concluiu a Dúplice Aliança da Alemanha com a Áustria-Hungria, cujo objetivo era fornecer assistência militar mútua em caso de um ataque russo. A formação da Dúplice Aliança levou a Rússia a adotar uma posição mais conciliatória e a celebrar, em 1887, com a Alemanha, o Tratado de Resseguro (literalmente, do alemão Rückversicherungsvertrag): as duas potências concordaram em fornecer apoio militar mútuo em caso de ataque francês contra a Alemanha ou de ataque austríaco contra a Rússia. Em 1882, a Itália aderiu à Dúplice Aliança, formando-se então a Tríplice Aliança. Os italianos procuravam defender seus interesses na África do Norte contra a política colonial francesa. Em troca do apoio alemão e austríaco, a Itália comprometeu-se a socorrer a Alemanha em caso de uma agressão militar francesa.
Birmarck custou a acatar as aspirações do Imperador Guilherme I no sentido de tornar a Alemanha uma potência mundial através da aquisição de colônias alemãs ("um lugar ao sol"). Birmarck desejava de todas as maneiras evitar tensões com as potências européias que ameaçassem a segurança da Alemanha. Mas quando, entre 1880 e 1885, o quadro internacional se mostrou auspicioso, Birmarck acedeu, estabelecendo-se então algumas colônias ultramarinas alemãs: na África (Togo, Camarões, Sudoeste Africano Alemão e África Oriental Alemã) e na Oceania (Nova Guiné Alemã, o Arquipélago de Bismarck e as Ilhas Marshall).
O Kaiser Guilherme I morreu em 1888, sucedendo-o seu filho, Frederico III, o qual reinou por apenas 99 dias, até a sua morte. Subiu ao trono, então, o jovem e ambicioso Guilherme II, filho de Frederico. Bismarck renunciou em 1890, devido a divergências políticas e pessoais com o novo Kaiser, que desejava ser o "seu próprio chanceler".

Era guilhermina
Apesar das declarações de Guilherme II em contrário, logo após a renúncia de Bismarck a política externa alemã sofreu uma inflexão, mudando de rumo com o objetivo de aumentar a influência da Alemanha no mundo (Weltpolitik). O Tratado de Resseguro com a Rússia não foi renovado. Com isto, Rússia e França formaram uma aliança de oposição à Tríplice Aliança, a qual estava enfraquecida devido a divergências entre a Áustria e a Itália.
A partir de 1898, a expansão colonial alemã no Sudeste da Ásia (Baía de Kiauchau, as Marianas, as Carolinas, Samoa) começou a causar problemas com o Reino Unido, a Rússia, o Japão e os Estados Unidos. A construção da Ferrovia de Bagdá, financiada por bancos e pela indústria pesada alemães e cujo propósito era ligar o Mar do Norte com o Golfo Pérsico através do Bósforo, também colidiu com interesses geopolíticos e econômicos britânicos e russos.
De modo a proteger o comércio e as colônias de ultramar alemães, o Almirante von Tirpitz deu início a um programa de construção de belonaves em 1898, o que ameaçava diretamente a hegemonia britânica nos mares e causou, conseqüentemente, o colapso das negociações com vistas à formação de uma aliança entre Reino Unido e Alemanha. Esta última via-se cada vez mais isolada.
A política de poder imperialista e a defesa determinada dos interesses nacionais terminaram por levar à eclosão da Primeira Guerra Mundial, em 1914, tendo como causa imediata o assassinato do herdeiro do trono austríaco, Francisco Fernando, e sua mulher, em Sarajevo, em 28 de junho de 1914, nas mãos de um nacionalista sérvio. Outras causas para a guerra, indicadas por historiadores, são as políticas opostas levadas a cabo pelas potências européias, a corrida armamentista, a rivalidade germano-britânica, as dificuldades do Estado multinacional austro-húngaro, a política russa para os Bálcãs e as apressadas mobilizações e ultimatos (na premissa de que o conflito seria de curta duração). A Alemanha lutou ao lado da Áustria-Hungria e do Império Otomano contra Rússia, França, Reino Unido, Itália e vários outros Estados menores. Houve combates também no Oriente Próximo e nas colônias alemãs.
No ocidente, a Alemanha lutou uma guerra de posições com batalhas sangrentas. Após uma rápida marcha através da Bélgica, as tropas alemãs foram detidas no Marne, ao norte de Paris. Desde então, o fronte na França mudou muito pouco até o final do conflito. No oriente, não houve vitórias decisivas contra as forças russas. O bloqueio naval britânico no Mar do Norte trouxe sérias conseqüências para o suprimento alemão de matérias-primas e alimentos. A entrada dos Estados Unidos na guerra, em 1917, em seguida à declaração alemã de conduzir uma guerra submarina irrestrita, constituiu-se no ponto de inflexão em desfavor da Alemanha.
No final de outubro de 1918, unidades da marinha alemã em Kiel recusaram-se a lançar-se ao mar para uma última grande operação numa guerra que davam como perdida. Em 3 de novembro, a revolta espalhou-se para outras cidades. Estabeleceram-se os chamados conselhos de trabalhadores e os de soldados.
O Kaiser Guilherme II e todos os príncipes reinantes alemães abdicaram. Em 9 de novembro, o social-democrata Philipp Scheidemann proclamou a República. Em 11 de novembro, assinou-se o armistício em Compiègne.

República de Weimar
Nos termos do Tratado de Versalhes, assinado em 28 de junho de 1919, a Alemanha deveria ceder a Alsácia-Lorena, Eupen-Malmédy, o Schleswig Setentrional e a área de Memel. A Polônia foi restaurada e, após plebiscitos e levantes independentistas, foram-lhe entregues Posen, a Prússia Ocidental e a Alta Silésia. Todas as colônias seriam entregues aos Aliados. As margens direita e esquerda do Reno seriam permanentemente desmilitarizadas. O Sarre, centro industrial importante, seria governado pela Liga das Nações por 15 anos, seus campos de carvão administrados pela França. Para assegurar o cumprimento do tratado, tropas aliadas ocupariam a margem esquerda (alemã) do Reno por um período entre 5 e 15 anos. O exército alemão ficaria limitado a 100 mil oficiais e soldados; o estado-maior seria dissolvido; grandes quantidades de material bélico seriam entregues e a fabricação de munições, rigidamente controlada. A marinha sofreria redução semelhante; ficava proibida a utilização de aeronaves militares. A Alemanha e seus aliados deveriam aceitar a exclusiva responsabilidade pela guerra e pagar compensações financeiras pelas perdas e danos sofridas pelos Aliados.
Os humilhantes termos da paz provocaram indignação entre os alemães e enfraqueceram drasticamente o novo regime democrático. Em 11 de agosto de 1919, entrou em vigor a constituição de Weimar, sendo Friedrich Ebert o primeiro Presidente da República.
Os dois maiores inimigos do novo regime eram o Partido Comunista Alemão (KPD) e o Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães (NSDAP), que abusariam das liberdades democráticas para lutar contra a República de Weimar. Já nos primeiros meses de 1920, fracassou uma tentativa de golpe de Estado feita pelo extrema-direita Wolfgang Kapp em Berlim; greves e rebeliões em outras cidades foram violentamente reprimidas.
Em 1922, a Alemanha foi o primeiro Estado a estabelecer relações diplomáticas com a União Soviética, por meio do Tratado de Rapallo.
Quando a Alemanha deixou de pagar a indenização de guerra, tropas francesas e belgas ocuparam o distrito do Ruhr, altamente industrializado (janeiro de 1923). A resistência passiva subseqüente foi bem-sucedida mas levou à hiperinflação — os que perderam as suas fortunas tornar-se-iam inimigos da República de Weimar e eleitores da direita anti-democrática.
Em outubro de 1925, Alemanha, França, Bélgica, Reino Unido e Itália celebraram o Tratado de Locarno, que reconhecia as fronteiras franco e belgo-germânicas. Ademais, o Reino Unido, a Itália e a Bélgica comprometeram-se a ajudar a França caso a tropas alemãs reocupassem a Renânia desmilitarizada. O tratado preparou a entrada da Alemanha na Liga das Nações, em 1926.
O crash de Wall Street em 1929 e a conseqüente Grande Depressão foram sentidos na Alemanha, cuja economia foi abalada. No início de 1932, o desemprego no país já atingia mais de seis milhões de pessoas. Ocorreu também uma crise política, devido à incapacidade de os partidos políticos representados no Reichstag constituírem uma maioria para indicar o governo. Em março de 1930, o Presidente Hindenburg nomeou Heinrich Brüning para o cargo de chanceler. De maneira a fazer aprovar seu pacote de medidas de austeridade contra uma maioria de parlamentares sociais-democratas, comunistas e do NSDAP, Brüning lançou mão de decretos de emergência e chegou mesmo a dissolver o Parlamento.
O NSDAP saiu vitorioso nas eleições de julho de 1932, com 38% dos votos (e o apoio da pequena burguesia, da juventude, dos desempregados e da população rural), o que lhe deu a maior bancada no Reichstag. O KPD comunista, por sua vez, passou a ser o terceiro maior partido no Parlamento, com 15%. Juntos, portanto, os partidos anti-democráticos de esquerda e direita detinham agora a maioria no legislativo alemão. Em 30 de janeiro de 1933, pressionado pelo ex-Chanceler Franz von Papen e outros conservadores, o Presidente Hindenburg nomeou Hitler para o cargo de chanceler.

Terceiro Reich

Ascensão dos nazistas
O Chanceler Adolf Hitler acusou os comunistas pelo incêndio criminoso do prédio do Reichstag, ocorrido na noite de 27 de fevereiro de 1933, e logrou convencer o Presidente Hindenburg a assinar o "decreto do incêndio do Reichstag", que suspendia importantes direitos políticos e humanos e permaneceu em vigor até 1945. Foram detidos e enviados para campos de concentração 11 mil comunistas e socialistas, que ficaram à disposição da nova polícia secreta, a Gestapo.
Apesar do terror e do uso sem precedentes da propaganda política, as últimas eleições livres, de 5 de março, não permitiram ao NSDAP constituir a maioria parlamentar que Hitler esperava. Entretanto, o chanceler logrou convencer os necessários 2/3 do Parlamento (com o auxílio dos Partidos Popular Nacional Alemão e do Centro Católico, e com a ausência de parlamentares mortos ou detidos, considerada voluntária para os fins da votação) a aprovar a chamada "lei dos plenos poderes" (23 de março de 1933), que conferia a seu governo plenos poderes legislativos. Apenas os sociais-democratas se opuseram à lei, que foi a base da ditadura nazista, da dissolução dos Laender, dos sindicatos e dos partidos políticos (exceto o nazista). Estabeleceu-se um Estado centralizado e totalitário, que substituiu a constituição liberal de Weimar. A Alemanha deixou a Liga das Nações. A Reichskonkordat (uma concordata entre a Santa Sé e a Alemanha nazista), negociada com o anticomunista Papa Pio XI, concedeu ao regime de Hitler o reconhecimento internacional, no momento em que as potências viam os desdobramentos políticos na Alemanha com desconfiança.[1]
Entrementes, muitos dirigentes das SA nazistas estavam decepcionados. O chefe do Estado-Maior das SA, Ernst Röhm, pressionava a favor da incorporação daquele contingente à Wehrmacht (exército alemão), sob seu comando. Hitler, sentindo-se ameaçado, ordenou em 30 de junho de 1934 que as SS capturassem Röhm e seus tenentes e os executassem sem julgamento.
As SS tornaram-se uma organização independente sob o comando do Reichsführer SS Heinrich Himmler. Este também viria a ser o supervisor da Gestapo e dos campos de concentração e, mais tarde, da polícia comum.
O regime demonstrou especial hostilidade contra os judeus. Em setembro de 1935, o Reichstag aprovou as chamadas leis raciais de Nuremberga, contra os cidadãos judeus: estes perderam a nacionalidade alemã e foram proibidos de casar-se com alemães.
Hitler restabeleceu a força aérea alemã e o serviço militar obrigatório. O rearmamento era uma violação ostensiva do Tratado de Versalhes, mas nem o Reino Unido, nem a França ou a Itália fizeram mais do que passar notas de protesto.
Em 1936, a Renânia desmilitarizada foi reocupada por tropas alemãs. O Tratado de Locarno obrigava o Reino Unido a intervir em favor da França, mas, apesar dos protestos franceses, o governo britânico decidiu nada fazer. O caso fortaleceu a posição de Hitler na Alemanha. Sua reputação aumentaria ainda mais com os Jogos Olímpicos, que se realizaram naquele ano em Berlim e em Garmisch-Partenkirchen e mostraram-se um grande sucesso de propaganda para o regime.

Expansão e derrota
Após estabelecer o "Eixo Roma-Berlim" com Mussolini e assinar o Pacto Anti-Comintern com o Japão, ao qual a Itália aderiria no ano seguinte, em 1937, Hitler sentiu-se capaz de partir para a ofensiva em política externa. Em 12 de março de 1938, tropas alemãs entraram na Áustria, onde uma tentativa de golpe nazista havia fracassado em 1934. Quando Hitler chegou a Viena, foi recebido com vivos aplausos. Quatro semanas depois, 99% dos austríacos votaram em favor da anexação (Anschluss) de seu país à Alemanha. Com isso, Hitler concretizou a antiga idéia de um império alemão com a inclusão da Áustria — a solução "grande-alemã" que Bismarck havia rejeitado quando, em 1871, uniu as terras germânicas, sob a liderança da Prússia. Embora a anexação violasse o Tratado de Saint-Germain-en-Laye, que proibia expressamente a unificação da Áustria com a Alemanha, as potências ocidentais, mais uma vez, limitaram-se a protestar.
Em seguida à Áustria, Hitler voltou-se para a Tchecoslováquia, onde uma minoria étnica alemã de 3,5 milhões de habitantes nos Sudetos estavam a exigir direitos iguais e auto-governo. Na Conferência de Munique, de setembro de 1938, Hitler, Mussolini, o Primeiro-Ministro britânico Neville Chamberlain e o Primeiro-Ministro francês Édouard Daladier convieram em que os tchecoslovacos deveriam ceder os Sudetos à Alemanha. Hitler declarou então que todas as reivindicações territoriais alemãs haviam sido atendidas. Mas apenas seis meses após Munique, em março de 1939, o dirigente alemão usou os desentendimentos entre eslovacos e tchecos como pretexto para invadir o restante da Tchecoslováquia, transformando-a no Protetorado da Boêmia e Morávia. Neville Chamberlain viu-se compelido a reconhecer que sua política de apaziguamento para com Hitler havia fracassado.
Em seis anos, o regime nazista preparou o país para a Segunda Guerra Mundial. A liderança nazista buscou eliminar ou subjugar a população judaica na Alemanha e posteriormente nos países ocupados, por meio de deportações forçadas e genocídio, hoje conhecido como o Holocausto. Política semelhante foi adotada para outros grupos étnicos e nacionais vistos pelos nazistas como "sub-humanos", tais como os Roma, os poloneses e os russos, considerados uma ameaça à "pureza da raça ariana" alemã, bem como para com deficientes físicos e mentais.
Após a anexação dos sudetos e do resto da Tchecoslováquia, a Alemanha, juntamente com a União Soviética, invadiu a Polônia, em setembro de 1939, fato considerado como o início da Segunda Guerra.
O ano de 1945 viu a Alemanha e seus parceiros do Eixo (Itália e Japão) derrotados pelas forças combinadas dos Estados Unidos, do Reino Unido, da União Soviética e outros. A maior parte da Europa estava em ruínas, dezenas de milhões de pessoas haviam sido mortas (em grande parte, civis), dentre as quais seis milhões de judeus e muitas outras pessoas dos territórios ocupados. A Segunda Guerra resultou na destruição da infra-estrutura política e econômica alemã, causou a sua divisão e considerável perda de território na Europa Oriental e deixou um legado de humilhação.

Alemanha desde 1945
Os alemães referem-se com freqüência a 1945 como a Stunde Null (a hora zero), para descrever o quase-total colapso do país. Na Conferência de Potsdam, a Alemanha foi dividida pelos Aliados em quatro zonas de ocupação militar; as três zonas a oeste viriam a formar a República Federal da Alemanha (conhecida como Alemanha Ocidental), enquanto que a área ocupada pela União Soviética se tornaria a República Democrática da Alemanha (conhecida como Alemanha Oriental), ambas fundadas em 1949. A Alemanha Ocidental estabeleceu-se como uma democracia capitalista e a sua contraparte oriental, como um Estado comunista sob influência da URSS. Em Potsdam, os Aliados decidiram que as províncias a leste dos rios Oder e Neisse (a "linha Oder-Neisse") seriam transferidas para a Polônia e a Rússia (Kaliningrado). O acordo também determinou a abolição da Prússia e a repatriação dos alemães que residiam naqueles territórios, formalizando o êxodo alemão da Europa Oriental.
As relações entre os dois Estados alemães do pós-guerra mantiveram-se frias, até a política de aproximação com os países comunistas da Europa Oriental promovida pelo Chanceler ocidental Willy Brandt (Ostpolitik), nos anos 1970, cujo conceito principal era "Dois Estados alemães dentro de uma nação alemã". O relacionamento entre os dois países melhorou e, em setembro de 1973, as duas Alemanhas tornaram-se membros da Organização das Nações Unidas.
Durante o verão de 1989, mudanças políticas ocorridas na Alemanha Oriental e na União Soviética permitiram a reunificação alemã. Alemães orientais começaram a emigrar em grande número para o lado ocidental, via Hungria, quando o governo húngaro decidiu abrir as fronteiras com a Europa Ocidental. Milhares de alemães orientais ocuparam missões diplomáticas da Alemanha Ocidental em capitais do leste europeu. A emigração e manifestações em massa em diversas cidades pressionaram o governo da Alemanha Oriental por mudança, o que levou Erich Honecker a renunciar em outubro; em 9 de novembro de 1989, as autoridades alemãs orientais surpreenderam o mundo ao permitir que seus cidadãos cruzassem o Muro de Berlim e outros pontos da fronteira comum e entrassem em Berlim Ocidental e na Alemanha Ocidental - centenas de milhares aproveitaram a oportunidade. O processo de reformas na Alemanha Oriental culminou com a reunificação da Alemanha, em 3 de outubro de 1990.
Juntamente com a França e outros países europeus, a nova Alemanha tem exercido um papel de liderança na União Européia. É um dos principais defensores da união monetária, de uma maior unificação nas áreas de política, defesa e segurança européias. O governo alemão expressou interesse em assumir um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas.

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